quinta-feira, 3 de maio de 2012

Rio de Janeiro: ainda precisamos melhorar

por Bayard Do Coutto Boiteux

Sempre que falamos na cidade maravilhosa, não podemos esquecer o fascínio que a mesma tem no inconsciente coletivo dos turistas em potencial no mundo. É a marca mais forte do produto Brasil nos mercados emissores e deve ser preservada para que o turismo nacional não tenha danos ainda maiores dos que hoje vivemos, sobretudo quando nos damos conta que não recebemos nem 1% de todos os turistas internacionais e que o crescimento de turistas tem sido muito pequeno, nos últimos cinco anos.

Um dos cartões de visita da cidade é o aeroporto internacional Tom Jobim. Tem uma responsabilidade grande pois por ali passam mais de 70,/, dos que escolhem o Rio, No entanto, temos sido surpreendidos ,nos últimos cinco anos por goteiras internas, quando chove mais forte. São espalhados baldes no terminal 2 e os turistas fotografam e mandam através de seus ipads ou telefones para amigos no mundo inteiro, também postando nas redes sociais. Sabemos como um comunicado on line pode ajudar o crescimento de um destino ou desqualifica-lo, sobretudo pela rapidez como é percebido e comentado. Os preços praticados nas lanchonetes são altos e os banheiros apresentam constantemente problemas, permanecendo interditados. Sem contar, os engraxates que preambulam ofertando seus serviços , a falta de entretenimento local e wifi.Faço tais considerações pois entendo que um aeroporto classificado ,como de primeira categoria, pelas autoridades faz jus a uma taxa de embarque, que tem como objetivo também criar condições favoráveis para os passageiros.

Por outro lado, os preços praticados por alguns hotéis ajudam na imagem, que cada vez se repercute, de que somos caros, muito caros, um dos mais caros países da atualidade. Sabemos que existe um custo tributário e pessoal alto mas precisamos rever urgentemente a politica de preços.Agora,na Rio + 20,um pequeno hotel do centro da cidade está cobrando 900 reais a diária. Quem se ressente mais com tudo isso, são operadores de receptivo, cujos negócios vão minguando e que só sobrevivem pois vão se associando a empresas maiores.

A federação traz problemas sérios para a gestão. Há atribuições específicas do governo federal, como os aeroportos, não se podendo jogar a culpa em outros níveis. O senso comum pensa que o prefeito pode e deve resolver tudo. Ledo engano. A cidade tem buscado mudar os rumos de sua visão estratégica de crescimento, com importantes projetos na área portuária e novidades no atendimento ao turista. Redesenhar uma cidade não é fácil e precisa de muita vontade politica e trabalho árduo.

Existe também um problema com a formação na área de turismo e hotelaria. Trata-se de uma vocação, que se divide em mandos operacionais e gerenciais/conceituais. Vejo uma grande frustração de jovens que cursam faculdades, sem ter o menor perfil, podendo ser muito mais bem aproveitados em cursos técnico-profissionalizantes. Sonham em vão com um curso superior, que não lhes permite muitas vezes o crescimento funcional nas empresas do setor.

Sabemos, que de alguma forma, não muito clara para a população em geral, os grandes eventos que vão acontecer nos próximos anos pretendem tornar a cidade melhor para seus moradores, embora percebamos que os horários das obras, via de regra, são sempre questionados e geram um estresse. Como apaixonado pelo rio que sou, sinto uma revolução silenciosa embora os problemas do trânsito e da superlotação do metro me preocupem bastante.

O recente projeto Carioca, anfitrião nota dez, idealizado por nós e com o apoio de abnegados, por ser um programa voluntário de conscientização turística e aprimoramento da receptividade pode ser um caminho, para o desafio de fazer de cada morador, um grande agente de desenvolvimento turístico e um apaixonado pela cidade e por aqueles que aqui chegam. Pretendemos trabalhar com um universo de quatro milhões de anfitriões, começando por Copacabana, por o ser o bairro turístico, por excelência. Vamos enfatizar uma das grandes características do Rio, que é a sua população.

O Rio precisa ainda melhorar e não vamos desistir, é um trabalho de toda a sociedade...

Bayard Do Coutto Boiteux é escritor, pesquisador, professor universitário e preside o Site Consultoria em Turismo (www.bayardboiteux.com.br)

Fonte:http://www.mercadoeeventos.com.br/site/Noticias/view/84092

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