quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Leia e opine sobre discurso do presidente da Abav

O presidente da Abav Nacional, Antonio Azevedo, tinha muito a falar em sua primeira abertura de Feira da Abav. Confira abaixo a íntegra de seu discurso para uma plateia lotada e um palco povoado de autoridades. É a despedida da Feira das Américas do Rio, pois de 4 a 8 de setembro de 2013 ela ocorrerá em São Paulo.

Além de considerações sobre a importância do agente de viagens e da feira, Azevedo, como todos seus antecessores, falou da necessidade de aprovação do Projeto de Lei 5.120, que regulamenta a atividade das agências de viagens no Brasil.

Propôs, ainda, ao Ministério do Turismo “a criação de um Fundo Garantidor de serviços de Turismo capaz de resguardar os legítimos interesses das agências de viagens e de seus clientes”. Ele se refere aos casos de quebras de empresas, fechamento de aeroportos e outros problemas que não são causados pelos agentes, mas que eles acabam por ser responsáveis solidários.

Sobre as empresas aéreas, defendeu a cobrança de DU nos sites das companhias, para equiparar ao preço cobrado pelas agências, criticou a “excessiva cobrança de multas e ADMs”, se disse preocupado com os balanços negativos de algumas delas e disse estar aberto ao diálogo sempre. Criticou, ainda, a “guerra tarifária autofágica”. Uma das vítimas dessa guerra teria sido a Passaredo, que reclamou de ações de uma empresa em Ribeirão Preto ao pedir recuperação judicial na semana passada.

O DISCURSO
Evento Abav: 40 anos de evolução e relevância setorial, de alma verde e amarela e coração aberto para o mundo

A Abav – A Feira de Turismo das Américas, ao completar sua 40ª edição, assume dimensões que são comparáveis às maiores feiras de turismo do mundo.

De fato, este é o grande evento referencial do segmento turístico do Brasil que expõe a diversidade de seus atrativos turísticos, por meio do qual promove sua oferta de serviços e infraestrutura receptiva, sendo o palco ideal para que os players do setor, expositores e visitantes aproveitem para conquistar resultados, ampliar conhecimentos e contatos, identificar tendências de mercado e realizar ótimos negócios.

Temos orgulho em dizer que a Feira de Turismo das Américas é uma iniciativa que foi idealizada pela Abav numa época em que poucos valorizavam essa atividade econômica, hoje considerada essencial no desenvolvimento econômico e social sustentável.

No início, com formato de feira e congresso itinerantes, lançamos vários destinos nacionais, hoje consolidados com destaque no portfólio das agências de viagens e muito contribuindo para ampliar o mercado turístico brasileiro.

Desde aqueles tempos, quando o tamanho do evento Abav permitia a realização das edições itinerantes, essa contribuição histórica em favor do desenvolvimento do turismo nacional e os resultados alcançados já demonstravam, de maneira inequívoca, a competência e a força de venda constituída pelas agências de viagens associadas.

Atualmente, em parceria estratégica com a ITB Berlim, a maior feira de turismo do mundo, a Abav – Feira de Turismo das Américas, a maior feira de todo o continente americano, agrega mais benefícios para profissionais que dela participam, renovando assim sua importância e ampliando sua visibilidade no calendário global dos principais eventos e feiras internacionais de negócios do setor.

Contamos também com o apoio do Fórum das Associações das Agências de Viagens da América Latina, além de parcerias com a BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa – e com a Apavt – Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo.

Alguns veículos de comunicação no Exterior destacaram em manchete que “o mundo estará presente na Abav 2012”, referindo-se à grande presença dos profissionais e das autoridades do setor de turismo de todos os continentes aqui participantes.

Temos nesta edição a presença recorde de 52 países, que conferem à Abav a condição privilegiada de ser a principal feira internacional de turismo realizada no Brasil.

Além de comemorar 40 anos com relevantes serviços prestados, o evento está repleto de inovações interessantes e conta com mais de 1.350 expositores, reunidos em cerca de 450 estandes em uma área total de 45 mil metros quadrados, o que representa crescimento real de 15%, se comparado com a edição anterior, e a presença prevista de mais de 20 mil participantes, profissionais do setor.

Completamos hoje o ciclo de dez anos em que o evento Abav permaneceu no Rio de Janeiro, cinco anos a mais do que originalmente previsto. Assim, com a maior e a melhor edição de todos os tempos, encerramos este ciclo com sucesso.

Mas nada impede que A Feira de Turismo das Américas retorne futuramente para o Rio de Janeiro, beneficiada pelos investimentos estruturais dedicados aos megaeventos esportivos, inclusive com a necessária ampliação de sua oferta hoteleira, tornando-a mais competitiva e atrativa.

A Abav e o poder público
A integração entre o poder público e a iniciativa privada, por meio de ações conjuntas e que sejam alinhadas e baseadas no entendimento comum, é essencial; pois precisamos avançar com agilidade no processo de qualificação e do desenvolvimento setorial.

Esse é o primeiro passo: priorizar, com a qualidade necessária, os programas voltados para o aumento da competitividade do Turismo Nacional, que é fonte geradora e distribuidora de riquezas no Brasil.

Medidas como essas, focadas na qualidade, inovação e capacitação são vetores essenciais para o melhor ordenamento do setor e trarão ganho de competitividade para os destinos brasileiros, podendo dar um impulso à quebra de uma barreira histórica, que limita o ingresso de turistas estrangeiros no Brasil a pouco mais de cinco milhões de visitantes por ano.

Publicamente, também, renovamos nosso compromisso em empenhar o total apoio da Abav na retomada de projetos de qualificação que muito contribuíram e, certamente, podem e devem contribuir ainda muito mais com o desenvolvimento setorial. Referimo-nos especificamente aos bem-sucedidos programas de capacitação profissional Proagência e Benchmarking, anteriormente executados pela Abav, mas outros podem certamente ser desenvolvidos.

Nos últimos anos, com o significativo aumento da demanda, 40 milhões de novos turistas no Brasil ingressaram no mercado. E isso só fez renovar a importância dos serviços e do atendimento profissional qualificado das agências de viagens.

O desafio do turismo receptivo no Brasil
Sabemos que existem ilhas de excelência turística em serviços receptivos presentes em todas as regiões do Brasil, mas é certo que não é o suficiente. Apenas a simpatia e alegria do povo brasileiro, apesar de serem fatores positivos, não resolvem. Precisamos, acima de tudo, atingir um padrão internacional de qualidade, adequado e certificado.

Mais do que o impacto econômico gerado diretamente pela visita e a permanência dos turistas estrangeiros no Brasil, que serão atraídos pelos grandes eventos esportivos, o que mais contará a favor ou contra o futuro do turismo receptivo nacional estará determinado pelo tipo de repercussão que a mídia mundial dará à qualidade dos serviços turísticos prestados. Esse é, talvez, o principal legado pós-eventos.

Por isso, reiteramos nosso compromisso em contribuir na concepção e execução de programas de treinamento e capacitação adequados às necessidades do turismo nacional que requer investimentos dos poderes públicos, federal, estadual e municipal.

Regulamentação da atividade
Uma das primeiras medidas que certamente contribuem com a qualificação profissional e que conta com o apoio de vossa excelência, ministro Gastão Vieira, é a urgente aprovação do Projeto de Lei 5.120, que regulamenta a atividade das agências de viagens no Brasil.

Após ter tramitado por todas as comissões parlamentares, o referido Projeto aguardava apenas ser colocado em processo de votação no plenário, no Congresso Nacional.

A regulamentação da atividade das agências de viagens parecia ser uma conquista improvável, após o Projeto ter sido arquivado pela mesa da Câmara dos Deputados. Conseguimos encaminhar um pedido de revisão dessa decisão e precisamos de seu empenho pessoal e dos membros da Comissão de Turismo da referida casa a favor da regulamentação profissional das agências de turismo do Brasil e aqui renovamos nossas esperanças de sua aprovação.

Proposta de parceria em eventos
A Feira de Turismo das Américas terá mais uma novidade, que é a abertura das portas do Evento ao público final, a partir do próximo ano, quando será realizada no Anhembi, em São Paulo.

O objetivo não é efetivar vendas, mas, sim, ampliarmos a promoção de roteiros, destinos e produtos do Brasil, estimulando a compra nas agências de viagens devidamente qualificadas para atender seus atuais e virtuais clientes com excelência.

Assim sendo, propomos unir esforços conjuntos com o Ministério do Turismo e Embratur com benefícios significativos para todos e dando o exemplo para evitar o excesso de eventos no mercado.

Além de ser uma maneira de potencializar a utilização de recursos públicos para a promoção dos destinos turísticos nacionais, essa possível sinergia permitirá que o governo federal possa focar a máxima atenção e empenho nos programas de fomento, regulação e capacitação, entre outros, com vantagens importantes para o nosso setor empresarial.

Os limites das responsabilidades
Problemas e imprevistos ocorrem com frequência, trazendo consequências imponderáveis e atribuições de responsabilidades legais, nem sempre justas.

A recente paralisação das operações da empresa aérea uruguaia Pluna serve de exemplo, pois deixou milhares de passageiros no chão.

Imaginem, agora, se uma grande empresa aérea nacional tenha um problema similar. Imediatamente, toda a rede de operações e agenciamento de viagens no Brasil estaria quebrada, desarticulando por completo todos os serviços que nós asseguramos de atendimento aos milhares de clientes, que, por sua vez, seriam também fortemente afetados.

Neste sentido, a Abav propôs ao Ministério do Turismo a criação de um Fundo Garantidor de serviços de Turismo capaz de resguardar os legítimos interesses das agências de viagens e de seus clientes: os consumidores, injustamente prejudicados sempre que um fornecedor de produtos turísticos suspender suas operações sem prévio aviso. Ou, ainda, para atender os casos imprevistos, como recentemente ocorreu no aeroporto de Viracopos e que ocasionou prejuízos milionários para as companhias aéreas, agências de viagens e consumidores.

É preciso dar à atividade turística no Brasil uma valiosa vantagem comparativa, equiparada ao diferencial de outros mercados internacionais, que instituíram esse tipo de Seguro Garantia ao Turismo, com mecanismos semelhantes, em proteção dos consumidores e das agências que os representam.

Costumamos dizer que as agências de viagens associadas à ABAV atuam de fato e de direito como mandatárias dos legítimos interesses de seus clientes. Por isso é preciso que a legislação brasileira possa dar respaldo e fomentar esse posicionamento.

Órgãos reguladores
Também é essencial que a Anac, a Agência Nacional de Aviação Civil, cumpra os seus deveres de órgão regulador e fiscalizador antecipando-se a problemas e garantindo a segurança e a credibilidade do sistema.

Aliás, é essencial que o quadro funcional da Anac seja ampliado, no setor de fiscalização, de modo a que todos os maiores aeroportos tenham a presença de fiscais qualificados, para não só atender os passageiros, mas também orientar e cobrar a observação das normas instituídas.

Hoje a situação não condiz com as necessidades e expectativas da sociedade.

Por outro lado, apesar de sermos defensores intransigentes dos direitos de nossos clientes, nos causa perplexidade verificar que entidades de defesa do consumidor, ao invés de atuarem como conciliadoras em situações de conflitos, não buscam soluções compatíveis e acabam inflamando os ânimos, alimentando uma verdadeira indústria de ações por danos morais.

Nossa relação com as companhias aéreas
Nosso relacionamento com as companhias aéreas já passou por diversas fases, mas, em todas elas, as agências de viagens sempre respeitaram a importância dessa atividade para o setor turístico.

Mesmo nos períodos mais conflituosos sempre torcemos pelo seu sucesso e por termos empresas confiáveis em segurança e conforto, mas também sólidas em seus resultados financeiros. No momento temos uma relação pautada pelo diálogo, por meio do qual alguns resultados positivos têm sido alcançados.

Por esse motivo, é óbvio que nos preocupam prejuízos apontados nos balanços de algumas das empresas aéreas nacionais e internacionais, pois já tivemos enormes problemas com o encerramento das atividades, em passado recente, de algumas das mais estimadas marcas do setor.

Mas, nessa convivência permanente que temos com as companhias aéreas, decorrente da importância que temos como principal canal de distribuição, naturalmente que nos causam surpresa algumas das políticas adotadas, pois não contribuem, no nosso entender, para um resultado positivo.

Uma delas, mais evidente, é a resistência de algumas companhias aéreas em efetuarem a cobrança da DU (custo de emissão), em todos os seus canais, incluindo a venda direta via site. No caso de sua adoção, poderiam reforçar seu fluxo de caixa, minimizando o risco de interrupção de operações.

Além disso, todas as empresas aéreas teriam recursos para reduzir a cobrança de multas e até para contribuir com o Fundo Garantidor proposto pela Abav e, com isso, garantir a segurança do consumidor.

Outra preocupação é a guerra tarifária autofágica, que pode até equacionar as questões de yeld, mas não resolve as questões de rentabilidade, pois de nada adianta ter assentos ocupados com custo superior ao que foi recebido.

Constatamos também, que as reclamações dos consumidores e das agências de viagens são cada vez maiores em relação à cobrança de multas e às famigeradas ADMs.

É certo que essas cobranças irão tramitar nos tribunais e no Congresso Nacional ou talvez até a Anac assuma o seu papel regulador do setor.

Todavia, nossa disposição para o diálogo permanece inalterada. As portas da Abav permanecem abertas, para que juntos possamos encontrar soluções adequadas.

Encerramento
Para encerrar é preciso dizer que é chegado o momento das agências de viagens no Brasil serem reconhecidas e valorizadas pelo relevante papel que desempenham.

Sem agências de viagens fortalecidas, atuando com a excelência de serviços emissivos e receptivos, não existe turismo sustentável.

A excelência da qualidade nos serviços prestados constitui fator determinante para o grau de satisfação do consumidor.

Também, por essa razão, é motivo de orgulho para a Abav oferecer, neste espaço, Vila do Saber, com o apoio da Confederação Nacional do Comércio e do Senac, uma intensa, diversificada e completa programação de atividades com cerca de 150 capacitações para os agentes de viagens e participantes inscritos, marcadas pela dinâmica da transformação, inovação e superação.

Além disso, teremos as rodadas nacionais e internacionais de negócios com o apoio e coordenação do Sebrae, que atraem a presença de grandes operadores e compradores que atuam na comercialização de pacotes de viagens, voltados ao atendimento da demanda internacional pelo Brasil.

Um destaque especial para a parceria com a Abracorp na viabilização da integração com o setor de viagens corporativas e a participação de seus clientes para que eles possam interagir e valorizar o trabalho de suas agências de viagens especializadas. Cabe ainda registrar um agradecimento especial para a equipe Abav, que não mediu esforços para garantir o sucesso deste evento.

Enfim, nós, agentes de viagens, temos muitos desafios a enfrentar, mas, unidos, somos mais fortes. Inspirados nos versos de Geraldo Vandré, poderemos vencer e avançar, com visão estratégica do futuro: “Vem, vamos embora, que esperar não é saber; quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.

Muito obrigado a todos! Aproveitem as boas oportunidades para ampliar seus conhecimentos e para realizar bons negócios.

Antonio Azevedo, presidente da Abav Nacional”









Fonte:http://panrotas.com.br/noticia-turismo/agencias-de-viagens/leia-e-opine-sobre-discurso-do-presidente-da-abav_82514.html

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