Bruno Rousso e Carlyle Jr., do R7, no Rio
Com paisagens dignas de cartões postais, o Rio agora ostenta o título de Patrimônio Mundial da Humanidade. A responsabilidade de manter a honraria concedida pela Unesco será uma das atribuições do próximo prefeito da capital fluminense.
Na lista da instituição, foram lembrados o Parque do Flamengo, o morro do Pão de Açúcar, a praia de Copacabana e a Floresta da Tijuca. Para não perder o título, a prefeitura terá a missão de preservar as características desses locais, que formam quatro novas Apacs (Áreas de Proteção do Ambiente Cultural) na cidade.
Um pacote de ações municipais promete garantir a conservação dos pontos turísticos relacionados pela Unesco, que receberão as UPHs (Unidades de Patrimônio da Humanidade). Guardas municipais terão treinamento especial, voltado para a preservação dos locais considerados patrimônio mundial.
Além disso, um fundo municipal, gerido pelo recém-criado Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, receberá investimentos da prefeitura e recursos gerados a partir da cobrança de taxas para a realização de eventos nas novas Apacs.
O dinheiro também será usado na conservação e restauração dos imóveis preservados ou tombados. Isso deve beneficiar centenas de prédios no centro do Rio, que apesar do valor histórico e cultural, estão em péssimas condições de conservação, segundo o Crea-RJ (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia).
Na conta da Defesa Civil, mais de 40 imóveis foram interditados com risco de cair na região central da cidade desde o início do ano. De acordo com a prefeitura, o Rio tem 2.097 prédios tombados, além de 9.098 preservados e 22.656 tutelados. As construções tuteladas ficam dentro das Apacs, mas não são de interesse de preservação.
Em maio passado, a parte superior de um sobrado veio abaixo na rua do Lavradio, no centro. Tombado pelo Patrimônio Histórico do Estado, o casarão faz parte da Apac da Cruz Vermelha. A menos de 1 km dali, três prédios vizinhos ao Theatro Municipal desabaram na avenida Treze de Maio, deixando 22 mortos e outros cinco desaparecidos em janeiro passado.
Os candidatos à Prefeitura do Rio apresentaram ao R7 suas propostas para preservação dos pontos turísticos do Rio. Veja a seguir:
Antônio Carlos Silva (PCO)
— Nós não defendemos uma cidade para os turistas. Todo nosso patrimônio deve ser tratado levando em consideração os interesses e o uso pela imensa maioria da população, que, por exemplo, não pode ter acesso a muitos locais por conta dos preços elevados dos ingressos.
Aspásia Camargo (PV)
— Não basta apenas preservar. Temos primeiro que recuperar, restaurar. A praia de Copacabana exige vigorosa recuperação de suas areias, que ficaram escuras, sujas e contaminadas pelo excesso de uso, no monta e desmonta de arquibancadas e palcos. Para preservar, é preciso estimular, com legislação urbanística e fiscal especial, dentro do Plano Diretor. É preciso também estímulos especiais para o comércio ou para a aquisição de moradia, impedindo que as casas históricas sejam postas abaixo, como desejam os especuladores.
Cyro Garcia (PSTU)
— Os pontos eleitos como Patrimônio Cultural serão acompanhados de perto, valorizados e respeitados. Vamos investir com políticas educativas de preservação e com recursos para a conservação dos locais. Tornaremos os pontos acessíveis aos trabalhadores, reduzindo as taxas cobradas para a visitação destes lugares. Os trabalhadores têm direito de conhecer a própria cidade. O centro histórico e cultural também merece atenção. Vamos romper com a lei de responsabilidade fiscal e investir na restauração destas áreas e dos prédios públicos. Vamos exigir daqueles proprietários que têm condições financeiras a restauração dos seus prédios.
Eduardo Paes (PMDB)
— Inauguramos uma nova compreensão dentro da Unesco de como as cidades podem ser harmônicas na conjugação entre natureza e ação do homem. Por isso, com a eleição do Rio como Patrimônio Cultural da Humanidade, foi publicado decreto com um pacote de medidas para a preservação dos pontos eleitos. Também foi criado um projeto de financiamento para restauração de imóveis tombados. Nos próximos anos, vamos construir dois novos parques (Engenho de Dentro e Taquara) e ampliar o parque Madureira. Com relação ao centro histórico, requalificamos os espaços públicos, revitalizando a região. Intensificamos a identificação de imóveis abandonados e criamos instrumentos para estimular a conservação.
Fernando Siqueira (PPL)
— Vamos usar a Guarda Municipal para dar informações aos pedestres, proteger o patrimônio cultural e atuar na prevenção de delitos, em total consonância com a Polícia Militar. Vamos divulgar, com placas informando as particularidades da cidade, os aspectos culturais, da geografia, geologia e arquitetônicos, oferecendo aos moradores e visitantes mais elementos para se preocuparem com a preservação da cidade. Nossa intenção é restaurar os prédios, ruas e monumentos. Temos a obrigação, não só de restaurar e proteger, mas de divulgar e valorizar a importância histórica do Rio.
Marcelo Freixo (PSol)
— Todos os pontos turísticos incluídos na avaliação da Unesco já possuem algum tipo de proteção legal. Nosso governo vai resgatar o projeto paisagístico do Aterro do Flamengo e criar um novo parque municipal como extensão do Parque Nacional da Tijuca, que teria a função de proteger e aumentar a área florestada. A preservação do casario em diversas áreas do centro do Rio depende de total reorientação da política de patrimônio. Não podemos deixar a memória da cidade ser destruída.
Rodrigo Maia (DEM)
— É preciso respeitar o Plano Diretor e os corredores culturais e históricos da cidade. Hoje, a especulação imobiliária quer a todo custo acabar com o patrimônio da cidade para que se construam espigões espelhados. Temos que ampliar as Apacs, que preservarão várias áreas da cidade, e garantir que o Rio tenha orgulho de seu patrimônio cultural. Vamos garantir que os recursos do IPTU dos imóveis possam ser usados na conservação do centro histórico. Vamos criar o Fundo Carioca de Preservação Cultural para doações com isenção fiscal e mapear os patrimônios que correm risco.
Otavio Leite (PSDB)
Quero promover uma grande consulta à sociedade para saber que outros bens podem ser protegidos pela cidade. Meu objetivo é criar um PIB do patrimônio cultural e estabelecer novas áreas a serem preservadas. E, para preservar nosso patrimônio, primeiro temos de ter um diagnóstico da situação para implantar um amplo projeto de reforma dessas construções. Outra ação será intensificar a fiscalização. Acima de tudo, queremos implantar um sistema com transparência, de forma que todas as ações correlatas, seja na concessão de alvarás ou na emissão de licenças, estejam disponibilizadas no site da prefeitura.
Fonte:http://noticias.r7.com/eleicoes-2012/noticias/rio-candidatos-propoem-investimentos-e-intensa-fiscalizacao-para-preservar-titulo-de-patrimonio-mundial-da-humanidade/