quarta-feira, 21 de março de 2012

O Plano B para leitos na Copa e Olimpíadas

Por Cristiano Nogueira

O Rio de Janeiro precisa de 7 mil à 20 mil leitos para poder atender os contratos da Copa e das Olimpíadas. Pelo que eu entendo do Rio, creio que esse número supera 20 mil, chegando a uma necessidade extra de 50 mil, já que haverá muitos turistas das proximidades (Minas e SP) que virão para o Rio, não para assistir os jogos, mas para estar presente na euforia dos eventos. Afinal, é uma vez na vida.

Essa diferença de falta de leito pode variar ao considerar os planos de construção de novas unidades da rede hoteleira. De todo modo, não será nada agradável ver 7.000 mil ou mais turistas dormindo nas ruas. Será um vexame explorado pela blogosfera – já que jornalistas das principais mídias não podem criticar o evento, ou perder seu passe livre dos mesmos. E crise midiática nos blogs/redes sociais/twitter são muito mais perigosas. São, afinal, divulgados por pessoas sem interesse político, diferente das grandes mídias. Ou seja, a notícia nas redes sociais viram a verdade.

A solução, que poderá ficar como plano B enquanto aguardamos a construção de mais hotéis para 2014 e 2016, seria o alojamento nas residências locais. Essa pratica já acontece em qualquer cidade que sofre o excesso de demanda por leitos, sem poder supri-la. É assim no réveillon do Rio, tanto quanto no carnaval de Tiradentes, entre milhares de outros. O problema, até recentemente, é que os donos dos imóveis não sabem divulgar e, igualmente, como lidar com os hóspedes (“Cobro uma taxa de segurança? Fico com o passaporte do hóspede ou tiro uma foto?” etc.). Ou seja, um site com fama e um pingo de estrutura seria a solução. E esse site existe.

Chama-se AirBnB.com, que permite a qualquer pessoa sub-locar um quarto do seu apartamento. O Rio, tendo 400 mil famílias de classe média-alta, poderá atender a demanda.

O site já é uma marca comum nos “States”. Qualquer taxista lá já ouviu falar, qualquer dona de casa está considerando sub-locar e todos os estudantes já usaram ou, pelo menos, pesquisaram.

O site é fácil de usar e foi isso que o fez famoso: O dono do imóvel publica as fotos do quarto, sala, banheiro e cozinha, detalha as conveniências do apê e do quarteirão, e define o preço por dia, semana e mês. Se quiser bloquear certas datas, pode fazer isso na agenda. Quando alguém procurar por imóvel naquele destino, BINGO! O hóspede entra em contato com o dono do imóvel, o dono autoriza a reserva, o hospede paga e o site transfere sua parte devida, ficando com menos de 10%. Havendo problemas, o site vira árbitro. Além disso, devido à sua marca forte, turistas no mundo inteiro já estão usando o site.

A maior vantagem, inédita para uma Copa ou Olimpíadas, é ver a população ganhar um din-din extra durante os eventos. Sendo que os preços dos leitos nos hotéis estarão acima de US$300 por noite, quem sub-locar um quarto do seu apartamento por US$150 ganhará um troco interessante, considerando que cada evento dura 2 semanas, e sempre há aqueles que chegam alguns dias mais cedo e saem alguns dias depois. Fazendo as contas: 20 dias X US$150 = US$3000 – nada mal. Claro, quem quiser ganhar mais, pode sublocar mais quartos, ou aumentar o valor para casais e criar um pacote mensal… As possibilidades são inúmeras.

Para os organizadores, uma solução como essa, que distribui renda, será muito vantajosa para suas imagens, já que se distanciarão da noção de que todo lucro é centralizado, direcionado para um fulano de tal, uma percepção comum da população. A adoção de uma solução como essa seria inédita por outro motivo, seria o “crowd-sourcing” da hospedagem para mega-eventos. E, além disso, não deixa elefantes brancos.

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