Quase a metade das empresas brasileiras exportadoras (48%) perdeu participação no mercado externo ou deixou de exportar em 2010. A valorização do real foi apontada como a causa dessa queda na rentabilidade das vendas externas. As informações são da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mas outro setor também se inclui entre os exportadores que estão sofrendo com o câmbio: o hoteleiro.
“Quando os turistas estrangeiros vêm para o Brasil, eles trazem euro e dólar, fazendo com que nossa atividade tenha participação importante nas divisas internacionais que entram no País”, afirma Enrico Fermi Torquato, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH Nacional).
Mas a queda do dólar está influenciando diretamente no faturamento dos empreendimentos na área de hospedagem, segundo Rubens Régis, presidente da Associação Brasileira de Resorts (Resorts Brasil). “Hoje esse é o nosso fantasma. A hotelaria perde três vezes. A primeira, porque está caro para o estrangeiro vir para o Brasil. A segunda, porque o brasileiro quer aproveitar o câmbio e viajar para o exterior. A terceira, porque os cruzeiros marítimos, que são em dólar, estão bem mais em conta. É por isso que a descaptalização dos resorts está chegando a tal ponto que alguns estão sendo vendidos para se transformarem em empreendimentos imobiliários”, reclama.
Competição externa
De acordo com a associação, a taxa de ocupação nos resorts era de 51% em 2008, passou para 47% em 2009 e fechou em 49% em 2010. A queda seria reflexo da crise econômica na Europa, um dos maiores emissores de turistas ao Brasil. Especificamente sobre a presença de estrangeiros nos resorts, os números passaram de 43% em 2008 para 26% em 2009, chegando a 20% em 2010.
“O turista internacional, mesmo sabendo que o Brasil é lindo e que o nosso povo é gentil por natureza, vai decidir pela viagem olhando o preço. Ele fica com vontade de vir para o Rio de Janeiro, mas compara os pacotes e vê que sai quase a metade viajar para a caribenha Punta Cana. Ele também faz as contas e vê que poderia comprar aqui uma coca-cola com US$ 1, enquanto que no outro destino compraria duas. Não dá pra competir com essa diferença de custo e de vantagem cambial”, argumenta Régis.
Os estrangeiros estão fazendo as contas como os brasileiros faziam antes, afirma Cristina Helena Pinto de Mello, professora de Economia PUC/SP. “É só lembrar como era muito mais caro ir para a Europa. Agora, com o euro mais próximo do real, um grande grupo de brasileiros foi passar as férias de julho em países como Espanha ou Inglaterra”, ressalta. Segundo ela, há uma tendência de que o destino Brasil continue caro por pelo menos mais um ano: “Acredito na tendência de queda do dólar e isso vai fazer com que continuemos a enviar mais turistas do que receber”.
O peso da carga
Para Cristina, ganhar competitividade externa passa por reduzir os preços ao turista estrangeiro. Mas, para isso, as empresas voltadas ao turismo, como hotéis, pousadas, resorts, entre outros, deveriam receber benefícios fiscais e tributários. “As mesmas medidas que o governo anunciou no início deste mês para setores como o calçadista e o têxtil, intensivos em mão de obra, poderiam se estender a segmentos do turismo, que também empregam bastante”, conclui.
O argumento da professora da PUC vai ao encontro das reivindicações da hotelaria nacional apresentadas ao Ministro do Turismo. “Mostramos a ele que a competitividade dos hotéis nacionais em relação aos destinos estrangeiros só vai ser possível se o setor receber incentivos sobre produtos e serviços”, explica o presidente da ABIH.
Na conta dos resorts, o que mais pesa é a folha de pagamentos dos funcionários. Segundo Régis, quase a metade do custo de um resort hoje é referente à mão de obra. Geramos mais de 134.500 empregos diretos e indiretos.
“Como trabalhamos essencialmente com venda de serviço, nossa matéria prima é gente, por isso, a forma de desonerar o setor para que possa ganhar o turista internacional, é desonerando a folha de pagamentos”, reivindica.
Novos mercados
Como os estrangeiros estão vindo menos e uma parcela dos brasileiros está aproveitando a queda do dólar para viajar ao exterior, a hotelaria vem buscando compensar a balança. Para Torquato, da ABIH Nacional, o caminho tem sido melhorar a área de eventos dos hotéis. “Esse passou a ser um mercado interessante porque vários brasileiros ascenderam para o turismo de negócios. E devido ao bom momento econômico do Brasil, as empresas estão investindo mais em eventos corporativos”, afirma.
Ele acredita que essa medida minimiza um pouco o impacto causado pela falta dos estrangeiros e dos brasileiros das classes A e B que estão indo mais para o exterior. “A classe C, com renda mensal em torno de R$ 1500, também é um novo mercado a ser explorado. São pessoas que já compraram seu eletrodoméstico e agora estão podendo viajar para conhecer o país”, completa.
No segmento de hospedagem mais sofisticada é a classe B que já começa a ser o alvo. “São famílias que, mesmo já tendo viajado para destinos como Buenos Aires, ainda não conhecem tantos lugares. Podem até estar consumindo um cruzeiro marítimo pela primeira vez, mas depois vão aspirar nossos roteiros”, avalia o presidente da Associação Brasileira de Resorts.
Fonte: http://operacoescambiais.terra.com.br/noticias/operacoes-empresariais-2/queda-do-dolar-afasta-turista-estrangeiro-155
“Quando os turistas estrangeiros vêm para o Brasil, eles trazem euro e dólar, fazendo com que nossa atividade tenha participação importante nas divisas internacionais que entram no País”, afirma Enrico Fermi Torquato, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH Nacional).
Mas a queda do dólar está influenciando diretamente no faturamento dos empreendimentos na área de hospedagem, segundo Rubens Régis, presidente da Associação Brasileira de Resorts (Resorts Brasil). “Hoje esse é o nosso fantasma. A hotelaria perde três vezes. A primeira, porque está caro para o estrangeiro vir para o Brasil. A segunda, porque o brasileiro quer aproveitar o câmbio e viajar para o exterior. A terceira, porque os cruzeiros marítimos, que são em dólar, estão bem mais em conta. É por isso que a descaptalização dos resorts está chegando a tal ponto que alguns estão sendo vendidos para se transformarem em empreendimentos imobiliários”, reclama.
Competição externa
De acordo com a associação, a taxa de ocupação nos resorts era de 51% em 2008, passou para 47% em 2009 e fechou em 49% em 2010. A queda seria reflexo da crise econômica na Europa, um dos maiores emissores de turistas ao Brasil. Especificamente sobre a presença de estrangeiros nos resorts, os números passaram de 43% em 2008 para 26% em 2009, chegando a 20% em 2010.
“O turista internacional, mesmo sabendo que o Brasil é lindo e que o nosso povo é gentil por natureza, vai decidir pela viagem olhando o preço. Ele fica com vontade de vir para o Rio de Janeiro, mas compara os pacotes e vê que sai quase a metade viajar para a caribenha Punta Cana. Ele também faz as contas e vê que poderia comprar aqui uma coca-cola com US$ 1, enquanto que no outro destino compraria duas. Não dá pra competir com essa diferença de custo e de vantagem cambial”, argumenta Régis.
Os estrangeiros estão fazendo as contas como os brasileiros faziam antes, afirma Cristina Helena Pinto de Mello, professora de Economia PUC/SP. “É só lembrar como era muito mais caro ir para a Europa. Agora, com o euro mais próximo do real, um grande grupo de brasileiros foi passar as férias de julho em países como Espanha ou Inglaterra”, ressalta. Segundo ela, há uma tendência de que o destino Brasil continue caro por pelo menos mais um ano: “Acredito na tendência de queda do dólar e isso vai fazer com que continuemos a enviar mais turistas do que receber”.
O peso da carga
Para Cristina, ganhar competitividade externa passa por reduzir os preços ao turista estrangeiro. Mas, para isso, as empresas voltadas ao turismo, como hotéis, pousadas, resorts, entre outros, deveriam receber benefícios fiscais e tributários. “As mesmas medidas que o governo anunciou no início deste mês para setores como o calçadista e o têxtil, intensivos em mão de obra, poderiam se estender a segmentos do turismo, que também empregam bastante”, conclui.
O argumento da professora da PUC vai ao encontro das reivindicações da hotelaria nacional apresentadas ao Ministro do Turismo. “Mostramos a ele que a competitividade dos hotéis nacionais em relação aos destinos estrangeiros só vai ser possível se o setor receber incentivos sobre produtos e serviços”, explica o presidente da ABIH.
Na conta dos resorts, o que mais pesa é a folha de pagamentos dos funcionários. Segundo Régis, quase a metade do custo de um resort hoje é referente à mão de obra. Geramos mais de 134.500 empregos diretos e indiretos.
“Como trabalhamos essencialmente com venda de serviço, nossa matéria prima é gente, por isso, a forma de desonerar o setor para que possa ganhar o turista internacional, é desonerando a folha de pagamentos”, reivindica.
Novos mercados
Como os estrangeiros estão vindo menos e uma parcela dos brasileiros está aproveitando a queda do dólar para viajar ao exterior, a hotelaria vem buscando compensar a balança. Para Torquato, da ABIH Nacional, o caminho tem sido melhorar a área de eventos dos hotéis. “Esse passou a ser um mercado interessante porque vários brasileiros ascenderam para o turismo de negócios. E devido ao bom momento econômico do Brasil, as empresas estão investindo mais em eventos corporativos”, afirma.
Ele acredita que essa medida minimiza um pouco o impacto causado pela falta dos estrangeiros e dos brasileiros das classes A e B que estão indo mais para o exterior. “A classe C, com renda mensal em torno de R$ 1500, também é um novo mercado a ser explorado. São pessoas que já compraram seu eletrodoméstico e agora estão podendo viajar para conhecer o país”, completa.
No segmento de hospedagem mais sofisticada é a classe B que já começa a ser o alvo. “São famílias que, mesmo já tendo viajado para destinos como Buenos Aires, ainda não conhecem tantos lugares. Podem até estar consumindo um cruzeiro marítimo pela primeira vez, mas depois vão aspirar nossos roteiros”, avalia o presidente da Associação Brasileira de Resorts.
Fonte: http://operacoescambiais.terra.com.br/noticias/operacoes-empresariais-2/queda-do-dolar-afasta-turista-estrangeiro-155
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