O presidente da Abav Nacional, Antonio Azevedo, tinha muito a falar em sua
primeira abertura de Feira da Abav. Confira abaixo a íntegra de seu discurso
para uma plateia lotada e um palco povoado de autoridades. É a despedida da
Feira das Américas do Rio, pois de 4 a 8 de setembro de 2013 ela ocorrerá em São
Paulo.
Além de considerações sobre a importância do agente de viagens e
da feira, Azevedo, como todos seus antecessores, falou da necessidade de
aprovação do Projeto de Lei 5.120, que regulamenta a atividade das agências de
viagens no Brasil.
Propôs, ainda, ao Ministério do Turismo “a criação de
um Fundo Garantidor de serviços de Turismo capaz de resguardar os legítimos
interesses das agências de viagens e de seus clientes”. Ele se refere aos casos
de quebras de empresas, fechamento de aeroportos e outros problemas que não são
causados pelos agentes, mas que eles acabam por ser responsáveis
solidários.
Sobre as empresas aéreas, defendeu a cobrança de DU nos sites
das companhias, para equiparar ao preço cobrado pelas agências, criticou a
“excessiva cobrança de multas e ADMs”, se disse preocupado com os balanços
negativos de algumas delas e disse estar aberto ao diálogo sempre. Criticou,
ainda, a “guerra tarifária autofágica”. Uma das vítimas dessa guerra teria sido
a Passaredo, que reclamou de ações de uma empresa em Ribeirão Preto ao pedir
recuperação judicial na semana passada.
O
DISCURSO
“Evento Abav: 40 anos de evolução e
relevância setorial, de alma verde e amarela e coração aberto para o
mundo
A Abav – A Feira de Turismo das Américas, ao completar sua 40ª
edição, assume dimensões que são comparáveis às maiores feiras de turismo do
mundo.
De fato, este é o grande evento referencial do segmento turístico
do Brasil que expõe a diversidade de seus atrativos turísticos, por meio do qual
promove sua oferta de serviços e infraestrutura receptiva, sendo o palco ideal
para que os players do setor, expositores e visitantes aproveitem para
conquistar resultados, ampliar conhecimentos e contatos, identificar tendências
de mercado e realizar ótimos negócios.
Temos orgulho em dizer que a Feira
de Turismo das Américas é uma iniciativa que foi idealizada pela Abav numa época
em que poucos valorizavam essa atividade econômica, hoje considerada essencial
no desenvolvimento econômico e social sustentável.
No início, com formato
de feira e congresso itinerantes, lançamos vários destinos nacionais, hoje
consolidados com destaque no portfólio das agências de viagens e muito
contribuindo para ampliar o mercado turístico brasileiro.
Desde aqueles
tempos, quando o tamanho do evento Abav permitia a realização das edições
itinerantes, essa contribuição histórica em favor do desenvolvimento do turismo
nacional e os resultados alcançados já demonstravam, de maneira inequívoca, a
competência e a força de venda constituída pelas agências de viagens associadas.
Atualmente, em parceria estratégica com a ITB Berlim, a maior feira de
turismo do mundo, a Abav – Feira de Turismo das Américas, a maior feira de todo
o continente americano, agrega mais benefícios para profissionais que dela
participam, renovando assim sua importância e ampliando sua visibilidade no
calendário global dos principais eventos e feiras internacionais de negócios do
setor.
Contamos também com o apoio do Fórum das Associações das Agências
de Viagens da América Latina, além de parcerias com a BTL – Bolsa de Turismo de
Lisboa – e com a Apavt – Associação Portuguesa das Agências de Viagens e
Turismo.
Alguns veículos de comunicação no Exterior destacaram em
manchete que “o mundo estará presente na Abav 2012”, referindo-se à grande
presença dos profissionais e das autoridades do setor de turismo de todos os
continentes aqui participantes.
Temos nesta edição a presença recorde de
52 países, que conferem à Abav a condição privilegiada de ser a principal feira
internacional de turismo realizada no Brasil.
Além de comemorar 40 anos
com relevantes serviços prestados, o evento está repleto de inovações
interessantes e conta com mais de 1.350 expositores, reunidos em cerca de 450
estandes em uma área total de 45 mil metros quadrados, o que representa
crescimento real de 15%, se comparado com a edição anterior, e a presença
prevista de mais de 20 mil participantes, profissionais do
setor.
Completamos hoje o ciclo de dez anos em que o evento Abav
permaneceu no Rio de Janeiro, cinco anos a mais do que originalmente previsto.
Assim, com a maior e a melhor edição de todos os tempos, encerramos este ciclo
com sucesso.
Mas nada impede que A Feira de Turismo das Américas retorne
futuramente para o Rio de Janeiro, beneficiada pelos investimentos estruturais
dedicados aos megaeventos esportivos, inclusive com a necessária ampliação de
sua oferta hoteleira, tornando-a mais competitiva e atrativa.
A
Abav e o poder público
A integração entre o poder público e a
iniciativa privada, por meio de ações conjuntas e que sejam alinhadas e baseadas
no entendimento comum, é essencial; pois precisamos avançar com agilidade no
processo de qualificação e do desenvolvimento setorial.
Esse é o primeiro
passo: priorizar, com a qualidade necessária, os programas voltados para o
aumento da competitividade do Turismo Nacional, que é fonte geradora e
distribuidora de riquezas no Brasil.
Medidas como essas, focadas na
qualidade, inovação e capacitação são vetores essenciais para o melhor
ordenamento do setor e trarão ganho de competitividade para os destinos
brasileiros, podendo dar um impulso à quebra de uma barreira histórica, que
limita o ingresso de turistas estrangeiros no Brasil a pouco mais de cinco
milhões de visitantes por ano.
Publicamente, também, renovamos nosso
compromisso em empenhar o total apoio da Abav na retomada de projetos de
qualificação que muito contribuíram e, certamente, podem e devem contribuir
ainda muito mais com o desenvolvimento setorial. Referimo-nos especificamente
aos bem-sucedidos programas de capacitação profissional Proagência e
Benchmarking, anteriormente executados pela Abav, mas outros podem certamente
ser desenvolvidos.
Nos últimos anos, com o significativo aumento da
demanda, 40 milhões de novos turistas no Brasil ingressaram no mercado. E isso
só fez renovar a importância dos serviços e do atendimento profissional
qualificado das agências de viagens.
O desafio do turismo
receptivo no Brasil
Sabemos que existem ilhas de excelência
turística em serviços receptivos presentes em todas as regiões do Brasil, mas é
certo que não é o suficiente. Apenas a simpatia e alegria do povo brasileiro,
apesar de serem fatores positivos, não resolvem. Precisamos, acima de tudo,
atingir um padrão internacional de qualidade, adequado e
certificado.
Mais do que o impacto econômico gerado diretamente pela
visita e a permanência dos turistas estrangeiros no Brasil, que serão atraídos
pelos grandes eventos esportivos, o que mais contará a favor ou contra o futuro
do turismo receptivo nacional estará determinado pelo tipo de repercussão que a
mídia mundial dará à qualidade dos serviços turísticos prestados. Esse é,
talvez, o principal legado pós-eventos.
Por isso, reiteramos nosso
compromisso em contribuir na concepção e execução de programas de treinamento e
capacitação adequados às necessidades do turismo nacional que requer
investimentos dos poderes públicos, federal, estadual e
municipal.
Regulamentação da atividade
Uma das
primeiras medidas que certamente contribuem com a qualificação profissional e
que conta com o apoio de vossa excelência, ministro Gastão Vieira, é a urgente
aprovação do Projeto de Lei 5.120, que regulamenta a atividade das agências de
viagens no Brasil.
Após ter tramitado por todas as comissões
parlamentares, o referido Projeto aguardava apenas ser colocado em processo de
votação no plenário, no Congresso Nacional.
A regulamentação da atividade
das agências de viagens parecia ser uma conquista improvável, após o Projeto ter
sido arquivado pela mesa da Câmara dos Deputados. Conseguimos encaminhar um
pedido de revisão dessa decisão e precisamos de seu empenho pessoal e dos
membros da Comissão de Turismo da referida casa a favor da regulamentação
profissional das agências de turismo do Brasil e aqui renovamos nossas
esperanças de sua aprovação.
Proposta de parceria em
eventos
A Feira de Turismo das Américas terá mais uma novidade, que
é a abertura das portas do Evento ao público final, a partir do próximo ano,
quando será realizada no Anhembi, em São Paulo.
O objetivo não é
efetivar vendas, mas, sim, ampliarmos a promoção de roteiros, destinos e
produtos do Brasil, estimulando a compra nas agências de viagens devidamente
qualificadas para atender seus atuais e virtuais clientes com excelência.
Assim sendo, propomos unir esforços conjuntos com o Ministério do
Turismo e Embratur com benefícios significativos para todos e dando o exemplo
para evitar o excesso de eventos no mercado.
Além de ser uma maneira de
potencializar a utilização de recursos públicos para a promoção dos destinos
turísticos nacionais, essa possível sinergia permitirá que o governo federal
possa focar a máxima atenção e empenho nos programas de fomento, regulação e
capacitação, entre outros, com vantagens importantes para o nosso setor
empresarial.
Os limites das responsabilidades
Problemas e imprevistos ocorrem com frequência, trazendo
consequências imponderáveis e atribuições de responsabilidades legais, nem
sempre justas.
A recente paralisação das operações da empresa aérea
uruguaia Pluna serve de exemplo, pois deixou milhares de passageiros no chão.
Imaginem, agora, se uma grande empresa aérea nacional tenha um problema
similar. Imediatamente, toda a rede de operações e agenciamento de viagens no
Brasil estaria quebrada, desarticulando por completo todos os serviços que nós
asseguramos de atendimento aos milhares de clientes, que, por sua vez, seriam
também fortemente afetados.
Neste sentido, a Abav propôs ao Ministério do
Turismo a criação de um Fundo Garantidor de serviços de Turismo capaz de
resguardar os legítimos interesses das agências de viagens e de seus clientes:
os consumidores, injustamente prejudicados sempre que um fornecedor de produtos
turísticos suspender suas operações sem prévio aviso. Ou, ainda, para atender os
casos imprevistos, como recentemente ocorreu no aeroporto de Viracopos e que
ocasionou prejuízos milionários para as companhias aéreas, agências de viagens e
consumidores.
É preciso dar à atividade turística no Brasil uma valiosa
vantagem comparativa, equiparada ao diferencial de outros mercados
internacionais, que instituíram esse tipo de Seguro Garantia ao Turismo, com
mecanismos semelhantes, em proteção dos consumidores e das agências que os
representam.
Costumamos dizer que as agências de viagens associadas à
ABAV atuam de fato e de direito como mandatárias dos legítimos interesses de
seus clientes. Por isso é preciso que a legislação brasileira possa dar respaldo
e fomentar esse posicionamento.
Órgãos
reguladores
Também é essencial que a Anac, a Agência Nacional de
Aviação Civil, cumpra os seus deveres de órgão regulador e fiscalizador
antecipando-se a problemas e garantindo a segurança e a credibilidade do
sistema.
Aliás, é essencial que o quadro funcional da Anac seja ampliado,
no setor de fiscalização, de modo a que todos os maiores aeroportos tenham a
presença de fiscais qualificados, para não só atender os passageiros, mas também
orientar e cobrar a observação das normas instituídas.
Hoje a situação
não condiz com as necessidades e expectativas da sociedade.
Por outro
lado, apesar de sermos defensores intransigentes dos direitos de nossos
clientes, nos causa perplexidade verificar que entidades de defesa do
consumidor, ao invés de atuarem como conciliadoras em situações de conflitos,
não buscam soluções compatíveis e acabam inflamando os ânimos, alimentando uma
verdadeira indústria de ações por danos morais.
Nossa relação com
as companhias aéreas
Nosso relacionamento com as companhias aéreas
já passou por diversas fases, mas, em todas elas, as agências de viagens sempre
respeitaram a importância dessa atividade para o setor turístico.
Mesmo
nos períodos mais conflituosos sempre torcemos pelo seu sucesso e por termos
empresas confiáveis em segurança e conforto, mas também sólidas em seus
resultados financeiros. No momento temos uma relação pautada pelo diálogo, por
meio do qual alguns resultados positivos têm sido alcançados.
Por esse
motivo, é óbvio que nos preocupam prejuízos apontados nos balanços de algumas
das empresas aéreas nacionais e internacionais, pois já tivemos enormes
problemas com o encerramento das atividades, em passado recente, de algumas das
mais estimadas marcas do setor.
Mas, nessa convivência permanente que
temos com as companhias aéreas, decorrente da importância que temos como
principal canal de distribuição, naturalmente que nos causam surpresa algumas
das políticas adotadas, pois não contribuem, no nosso entender, para um
resultado positivo.
Uma delas, mais evidente, é a resistência de algumas
companhias aéreas em efetuarem a cobrança da DU (custo de emissão), em todos os
seus canais, incluindo a venda direta via site. No caso de sua adoção, poderiam
reforçar seu fluxo de caixa, minimizando o risco de interrupção de operações.
Além disso, todas as empresas aéreas teriam recursos para reduzir a
cobrança de multas e até para contribuir com o Fundo Garantidor proposto pela
Abav e, com isso, garantir a segurança do consumidor.
Outra preocupação é
a guerra tarifária autofágica, que pode até equacionar as questões de yeld, mas
não resolve as questões de rentabilidade, pois de nada adianta ter assentos
ocupados com custo superior ao que foi recebido.
Constatamos também, que
as reclamações dos consumidores e das agências de viagens são cada vez maiores
em relação à cobrança de multas e às famigeradas ADMs.
É certo que essas
cobranças irão tramitar nos tribunais e no Congresso Nacional ou talvez até a
Anac assuma o seu papel regulador do setor.
Todavia, nossa disposição
para o diálogo permanece inalterada. As portas da Abav permanecem abertas, para
que juntos possamos encontrar soluções
adequadas.
Encerramento
Para encerrar é preciso dizer
que é chegado o momento das agências de viagens no Brasil serem reconhecidas e
valorizadas pelo relevante papel que desempenham.
Sem agências de
viagens fortalecidas, atuando com a excelência de serviços emissivos e
receptivos, não existe turismo sustentável.
A excelência da qualidade nos
serviços prestados constitui fator determinante para o grau de satisfação do
consumidor.
Também, por essa razão, é motivo de orgulho para a Abav
oferecer, neste espaço, Vila do Saber, com o apoio da Confederação Nacional do
Comércio e do Senac, uma intensa, diversificada e completa programação de
atividades com cerca de 150 capacitações para os agentes de viagens e
participantes inscritos, marcadas pela dinâmica da transformação, inovação e
superação.
Além disso, teremos as rodadas nacionais e internacionais de
negócios com o apoio e coordenação do Sebrae, que atraem a presença de grandes
operadores e compradores que atuam na comercialização de pacotes de viagens,
voltados ao atendimento da demanda internacional pelo Brasil.
Um destaque
especial para a parceria com a Abracorp na viabilização da integração com o
setor de viagens corporativas e a participação de seus clientes para que eles
possam interagir e valorizar o trabalho de suas agências de viagens
especializadas. Cabe ainda registrar um agradecimento especial para a equipe
Abav, que não mediu esforços para garantir o sucesso deste evento.
Enfim,
nós, agentes de viagens, temos muitos desafios a enfrentar, mas, unidos, somos
mais fortes. Inspirados nos versos de Geraldo Vandré, poderemos vencer e
avançar, com visão estratégica do futuro: “Vem, vamos embora, que esperar não é
saber; quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
Muito obrigado a
todos! Aproveitem as boas oportunidades para ampliar seus conhecimentos e para
realizar bons negócios.
Antonio Azevedo, presidente da
Abav Nacional”
Fonte:http://panrotas.com.br/noticia-turismo/agencias-de-viagens/leia-e-opine-sobre-discurso-do-presidente-da-abav_82514.html
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