quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Com passeios de até R$ 100, Rocinha atrairá mais turistas no pós-ocupação, dizem agências

Destino certo de muitos turistas, o Rio de Janeiro oferece a seus visitantes muitas opções de lazer. Com a pacificação da Rocinha, a comunidade da zona sul passa a ser mais uma opção e deve entrar de vez no roteiro turístico da cidade. A professora e guia da agência Exotic Tours Rejane Reis diz que impacto da ocupação no turismo será percebido a longo prazo.

- Cerca de 90% dos turistas que recebo são estrangeiros, principalmente na alta temporada, que vai de dezembro até o fim do Carnaval. Esse tipo de turismo sustentável e com maior segurança está sendo descoberto e ainda vai crescer bastante.

Para Marcelo Armstrong, dono da empresa Favela Tour, ainda é cedo para pensar numa mudança de trajeto do passeio por causa da pacificação, mas ele não descarta uma expansão dos roteiros.

- Ainda é cedo para se pensar em expandir as rotas do passeio. Por enquanto, manterei os itinerários habituais pela comunidade Vila Canoas, favela de menor porte, em São Conrado, e na região central da Rocinha.

Atualmente, diversas operadoras de viagem oferecem esse tipo de serviço, com itinerários que duram cerca de duas a três horas, com preços entre R$ 65 e R$100.

Cada passeio elege um caminho, mas o mais comum é o roteiro que leva ao coração da comunidade. Por vielas e escadas, os turistas aprendem sobre a história da favela, conhecem o comércio e a geografia locais, além ter contato com uma realidade pobre e ainda bastante carente da região.

"Isso aqui é diferente de tudo o que já vi"

Seja pela curiosidade ou apenas para conhecer de perto o estilo de vida dos moradores, a Rocinha impressiona, como explica o turista alemão Bark Dienstmann, de 37 anos, que está há mais de duas semanas na cidade.

- Meus amigos estiveram no Brasil nas últimas férias e voltaram com fotos e presentes comprados na comunidade. Acho que me animei com a ideia, mesmo não sabendo o que iria encontrar e como seria a Rocinha de perto. Isso aqui é diferente de tudo que já vi.

Mas não são apenas os estrangeiros que se surpreendem com as singularidades do lugar. A paulista Priscila Villas Bôas, de 28 anos, já esteve outras vezes no Rio, mas nunca tinha feito o passeio na Rocinha.

- Estava muito curiosa para saber como era a vida dentro desse mundo. É mais seguro e organizado do que eu achava. Com certeza, em São Paulo, jamais conseguiria entrar em uma favela.

Choque de realidade

Mesmo com a pacificação da Rocinha e a entrada de serviços básicos, como coleta de lixo e a manutenção das vias públicas, o que se vê ao caminhar pela comunidade em nada lembra um cenário turístico, remetendo à pobreza, descaso e abandono.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), quase 15% das casas da Rocinha não têm banheiro. São 3.409 domicílios sem sanitários e 307 casas que não possuem água encanada.

No passeio, feito pela reportagem do R7, é possível ver redes de esgoto que se misturam a encanamentos de água, bueiros entupidos que transbordam dejetos, fiações elétricas expostas, telefones públicos danificados, falta de iluminação, entre outras precariedades que chamaram a atenção da turista espanhola Isabel Martinez.

- Já tinha visto nos jornais que a Rocinha era bastante violenta e com pessoas pobres, mas chegando aqui fiquei muito assustada. Como as pessoas podem morar em um lugar tão apertado, sem luz, úmido e com esgoto na porta de casa?

Fonte: http://primeiraedicao.com.br/noticia/2011/11/30/com-passeios-de-ate-r-100-rocinha-atraira-mais-turistas-no-posocupacao-dizem-agencias

Nenhum comentário:

Postar um comentário